terça-feira, 18 de junho de 2013

A insatisfação está no ar e nas ruas

As pessoas se perguntam por que há tanta revolta e desgosto no ar das cidades brasileiras. Um dos motivos é esse impostômetro, exposto 24 horas, quase em frente ao Páteo do Colégio, em São Paulo. Até hoje já pagamos mais de 700 bilhões em impostos e o retorno, especialmente para a classe média, é pífio. Para os mais pobres algo melhorou, especialmente nas últimas duas décadas, ou seja, desde o Plano Real do governo FHC e o início das bolsas populares. Depois o Lula aprimorou os benefícios, mas a qualidade dos serviços públicos deixa muiiiiiito a desejar.


Hoje cerca de 50 mil pessoas se concentraram na Praça da Sé. Nos canteiros próximos, estavam os carros de apoio das TVs. Um deles (da Record) foi queimado mais tarde, em frente à Prefeitura. Já aviso que não há fotos dos tumultos, pois prezo meu bem estar e não gosto de levar porradas da PM, gás ou spray de pimenta nos meus olhinhos, que já precisam de lentes multifocais.  


Foi uma manifestação com muita garotada classe média, alguns mais velhos, poucos trabalhadores populares e muito bom humor. Vi a massa criticar as poucas bandeiras de partidos (claro que nenhuma do PT ou PSDB) de extrema esquerda e tentar reprimir atos de vandalismo.

A multidão colorida tomou as escadarias da Catedral da Sé, local símbolo das movimentações populares pelas Diretas Já, em 1983.


É, literalmente, um monte de gente.


Alguns acessos da estação do metrô ficaram fechados e a multidão se esparramou pelos canteiros, calçadas laterais e ruas próximas.


A noite caiu sobre a multidão que saiu em passeata ao som dos sinos, que avisavam ser seis horas da tarde.

Uma parte da multidão foi para o terminal de ônibus do Parque Dom Pedro e outra foi para a Prefeitura, onde começaram os atos de vandalismo: um caminhão de apoio da TV Record foi queimado, uma pequena base da PM destruída, algumas lojas saqueadas e agencias bancárias depredadas. Esse é o lado ruim e irresponsável de qualquer manifestação. Quem começa os ataques? Extremistas infiltrados? Marginais oportunistas? É bom que o quanto antes se saibam as respostas.

Fiquei perto da Prefeitura até começar os empurrões e depois me mandei. Aí está a fachada do prédio (à esquerda) e um dos helicópteros sobrevoando a área.


E termino com fotos de alguns dos cartazes que a garotada levou na manifestação.

Finalmente saúde e educação entram na agenda popular de forma contundente.


A atenção com os gastos feitos para a Copa é irreprimível. Segundo fontes oficiais, a conta para 2014, chega a 28 bilhões de reais. Quase o triplo dos gastos feitos em Copas anteriores e com resultados muito menos adequados, pois a infraestrutura do país é lamentável (portos, aeroportos, vias de acesso, ferrovias, terminais rodoviários, sinalização, museus...). O esperado legado das Copas é frustrante.


Updating velhos estereótipos...

Revivendo os mitos históricos consagrados pelos HQ, como 300, de Frank Miller.


E assim foi a sexta manifestação paulistana, ao lado de outras tantas pelo país. Alguns olham com temor para tudo isso, pois lembram de antigas manipulações e conspirações. Porém está-se colhendo o fruto amargo do populismo, da impunidade e da corrupção, de um tipo inédito de articulação entre vários partidos unidos por interesses não-republicanos. Turvou-se a diferença ideológica e partidária. Surge um movimento de ruas, sem líderes clássicos ou metas bem estipuladas. A única sensação comum é a de insatisfação profunda com "tudo o que está aí". Uma boa oportunidade para rever políticas públicas e padrões éticos de conduta governamental, corporativa, institucional e pessoal.



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