segunda-feira, 29 de março de 2010

Rodoviária de Campinas: o monstro se foi

Texto e fotos: Luiz Gonzaga Godoi Trigo

Domingo, às 11h00, a cidade de Campinas ficou livre de uma nódoa em sua infraestrutura, de um cancro urbano, de um horror funcional e arquitetônico: a velha rodoviária.

O povo ficou admirado com os helicópteros sobrevoando a área que seria implodida.

Como não me deixaram voar, posicionei-me na rua Espanha, de onde via o prédio da rodoviária velha. A igreja ao lado é a Sagrado Coração de Jesus, no Botafogo, onde passei minha adolescência em uma santa e frugal comunidade de jovens.

Às 11h03, o monstro de alumínio ordinário e de concreto mal acabado foi pelos ares...

... e minutos após a cidade estava livre de um erro.

Aí está a velha rodoviária, uma hora antes do BUM!. Foi inaugurada em 1973 e ficou ativa (sic) até 2008. Era feia, inadequada, pequena, mal localizada e mal administrada. O terreno pertencia à Maternidade de Campinas, que fazia uma gestão extremamente incompetente do negócio. A rodoviária perdia passageiros a cada ano, para os ônibus fretados e outras alternativas. Finalmente a atual administração municipal conseguiu fazer a mudança para uma outra área, pouco melhor, em condições de conforto e operacionalidade bem mais decentes.

Vai demorar uns três meses para tirar o entulho.

E sabe-se lá quanto tempo para implementar o projeto de prédios comerciais, clínicas e escritórios em um plano de valorização da área, bastante degradada nos últimos anos, inclusive em função da própria rodoviária.

A vista lateral do antigo prédio, uma hora antes da ...

... implosão. O entorno possui cortiços, casas abandonadas ou ocupadas, residências antigas e terrenos baldios, todos desvalorizados em função dos problemas sociais gerados pela degradação social e imobiliária local.

Essa área poderia ser utilizada de forma articulada com outros prédios antigos do bairro e inserida em um contexto de desenvolvimento juntamente com o complexo da antiga FEPASA, uma imensa área com treze conjuntos arquitetônicos. Seria interessante um projeto com setores comerciais, com lazer diurno e noturno, entretenimento e, ao mesmo tempo, que garantisse a preservação histórica local. Várias cidades como Curitiba, Buenos Aires, Porto Alegre, São Paulo e Rio já fizeram adaptações urbanas semelhantes. Se houver vontade política e sinergia empresarial, poderá sair algo interessante dos destroços.

Vivi para ver minha cidade livre do trambolho que a assombrou por quase quatro décadas. Campinas não tem lendas folclóricas de fantasmas, demônios e fadas, mas tem as lendas urbanas do trem-bala, do centro de convenções e da segunda pista do aeroporto de Viracopos. São coisas prometidas a décadas. Pelo menos a assombração da velha rodoviária já foi exorcizada, com explosivos. Espero viver para ver as outras lendas se transformarem em realidade. Campinas merece.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Agência Abreu - 170 anos de história


Pela primeira vez é publicada, no mundo, a história da Agência Abreu, uma das mais antigas agências de viagem do planeta. Em minha recente viagem a Portugal, encontrei com Artur Abreu, (gestor da empresa e membro da sexta geração da família) que, além de sua costumeira hospitalidade, também ofereceu-me um exemplar do livro acima reproduzido. Por ter participado ativamente dessa história, no Brasil e nos Estados Unidos, fiquei bastante sensibilizado ao receber um dos primeiros volumes dessa obra, das mãos da alta gestão e em Portugal. Foi muito significativo.

Trabalhei na Abreu de 1979 a 1987, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e, a partir de 1984 em Campinas, onde fui colega de William Périco (hoje presidente da Aviesp) e de Luciano Fracalanza (ex-gerente da Abreu Campinas, aposentado). Atuei como emissor e guia internacional, conheci o Brasil e boa parte do mundo e ali obtive os sólidos fundamentos da gestão e operação do turismo. Quando fiz a faculdade estranhava que a literatura só citasse a inglesa Thomas Cook como pioneira na área (1841) e ignorasse completamente a Abreu, que tinha como slogan a frase Desde 1840. Realmente ao longo de minha vida na Abreu a única referência que vi sobre a história da empresa era uma folha datilografada com alguns dados de nomes e datas, algo doméstico esem valor para pesquisa. Por outro lado, a história da Thomas Cook foi amplamente documentada e analisada (BRANDON, Piers 1992. Thomas Cook: 150 years of popular travel. London: SeckerWarburg; WITHEY, Lynne 1997. Grand Tours and Cook´s Tours.New York: William Morrow and Co.; WILLIAMSON, Andrew 1998. The golden age of travel. United Kingdom: Thomas Cook Publishing). Faltava para a Abreu uma sistematização metodológica analítica de sua história e a consequente publicação do material pesquisado, com chancela acadêmica para garantir fidelidade aos fatos. Faltava, porque agora (março 2010), em Lisboa, recebi das mãos de Artur Abreu o livro A emigração portuguesa para o Brasil e as origens da Agência Abreu (1840), de Fernando Souza e equipe (Porto: Fronteira do Caos Editores e CEPESE, 2009). A equipe de pesquisadores é do Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade (CEPESE) e Fernando Souza é professor catedrático da Universidade do Porto e da Universidade Lusíada do Porto.

Nessse blog apresento de forma inédita, no Brasil, as principais conclusões do trabalho que, por sinal, é bem agradável de se ler:

As origens da Agência Abreu encontram-se indissociavelmente ligadas ao Brasil, muito especialmente à emigração que do norte de Portugal se desenvolveu na primeira metade do século XIX, com destino àquele país.” (pág. 11). O texto deixa claro que até a publicação do livro não existia qualquer estudo, mesmo sumário, sobre a empresa devido à dificuldade de não existir arquivos documentais sobre sua atividade no século XIX (pág. 14). O fundador, Bernardo Luís Vieira de Abreu (1801-1878), emigrou para a Bahia aos 18 anos de idade (provavelmente em 1819) e regressou ao Porto, já casado e com filhos, em 1838, com capital e conhecimento para estabelecer-se como comerciante, intimamente ligado aos negócios com a Bahia e o Rio de Janeiro devido aos seus conhecimentos do Brasil. Os documentos oficiais referem-se à empresa como agência de viagens apenas em 1948, mas “a Agência Abreu, enquanto continuadora direta de agentes de viagens que se sucederam ininterruptamente no tempo, sempre pertencentes à família Abreu (hoje na sexta geração), remonta, segundo a tradição e de acordo com fontes históricas da segunda etade do século XIX, a 1840”. (pág. 51). Bernardo Abreu provavelmente regressou a Portugal devido aos conflitos provocados pelos levantes populares após a independência do Brasil (1822), como a Sabinada, na Bahia, em novembro de 1937, que causou mortes e prejuízos aos portugueses radicados em Salvador. Bernardo estabeleceu-se no Porto e aproveitou a onda de inovações tecnológicas (ferrovias, navios a vapor) e as ondas migratórias para o Brasil, em razão das condições limitadas de trabalho na Europa e do crescimento da população não apenas em Portugal continental, mas também nas ilhas de Açores e Madeira.

Ao morrer, Bernardo era dono de uma pequena fortuna, como consta em seu testamento, e foi sucedido pelo seu filho Daniel Luís Vieira de Abreu, nascido em 1842, que deu novo impulso à empresa fundada por seu pai e aproveitando a expansão da emigração portuguesa a partir de 1880.

Com esse livro a história da Agência Abreu finalmente adquire o merecido estatuto acadêmico e insere-se formalmente na história do turismo internacional como uma das pioneiras no setor. O livro traz a reprodução de 47 documentos referentes à emigração portuguesa para o Brasil, onze documentos específicos sobre Bernardo Abreu e sua família, cronologia da Agência Abreu e de Portugal, além das fontes e bibliografia minuciosamente citadas. Mas o trabalho não acabou, a mesma equipe prepara a História da Agência Abreu, que deverá ser publicada em 2010 ou 2011.

Aos 170 anos de idade a empresa traz à luz sua história e o interessante contexto internacional luso-brasileiro que marcou seu nascimento e algumas de suas décadas mais estimulantes. Agora aguardemos a segunda parte da pesquisa que ampliará o conhecimento sobre a empresa, seus personagens e feitos.




quarta-feira, 24 de março de 2010

Viver em Dubai - A experiência de Victor Hugo Costa

Entrevistador: Luiz Gonzaga Godoi Trigo

Entrevistado: Victor Hugo Costa

Entrevista feita pela internet, inserida na íntegra com as respostas do entrevistado.


Victor Hugo Costa é um colega do Senac que viveu uma experiência importante em Dubai. Foi ele que me deu os sites decisivos para minha pesquisa sobre a bolha imobiliária em 2009. Agora, de volta a Brasil e trabalhando novamente no Senac-SP, ele conta para o blog como foi sua vivência.


1. Sua formação
Eu me formei em Turismo pelo SENAC SP em 2004 e logo engatei em uma pós-graduação em Administração e Organização de Eventos, também no SENAC SP concluída no final de 2005, embora na época eu estivesse trabalhando em Hotelaria, na rede Accor, onde fui recepcionista e auditor por 02 anos.
Em dezembro de 2005 saí da Accor para prestar serviços de docência para o SENAC nos cursos de Hotelaria, em nível técnico. Em fevereiro de 2006 ingressei no MBA em Administração, pela FCG-Jundiaí e obtive meu diploma com certificado internacional pela Florida Christian University, de Orlando (EUA).
Em agosto de 2007 passei a coordenar a área de Hotelaria do Senac Osasco, na reimplantação do curso na unidade. Foi um grande desafio considerando um histórico negativo da área naquela unidade e, em fevereiro de 2008 abrimos uma turma de 30 alunos no curso técnico com uma boa programação para o curso, com parcerias importantes com o mercado hoteleiro da região. Foi uma ótima experiência.


2. Por que ir a Dubai?
A idéia de ir à Dubai surgiu no início de 2008, pela influência de uma prima que já morava lá há 2 anos, trabalhando pela Emirates. Certa vez ela esteve em São Paulo e me ligou para visitá-la no hotel onde a tripulação se hospedava em SP, no Grand Hyatt Morumbi. Eu nunca havia entrado no Grand Hyatt e fiquei impressionado com o luxo, estrutura e serviços. Para minha maior surpresa minha prima comentou que aquele era um bom hotel e que a tripulação da Emirates sempre ficava hospedada em hotéis daquele nível e de níveis superiores pelos mais de 100 destinos que a CIA Aérea opera. Aquela visita me despertou o interesse de me candidatar no processo seletivo da Emirates e ter a possibilidade de morar em Dubai num momento onde o desenvolvimento do Turismo estava em maior evidência nos Emirados Árabes (principalmente em Dubai).

Minhas intenções, em deixar o Brasil rumo a Dubai, eram de conhecer algumas das principais capitais turísticas do mundo, ficando hospedado em hotéis de luxo nesses destinos e, assim poder ter mais vivência em serviços de luxo no mundo todo.


3. Quais foram os pontos positivos de sua experiência em Dubai?

Nunca escondi minha insatisfação com Dubai, porém esta experiência foi fundamental para o meu desenvolvimento e crescimento pessoal e profissional. Não estaria galgando novos desafios profissionais hoje, se não fosse por este tempo que tive nos Emirados Árabes.

Atribuo ao tempo que morei em Dubai (1 ano e 5 meses) uma importância muito relevante para o meu crescimento pessoal e maturidade. Valorizo muito as oportunidades que tive trabalhando para a Emirates, como comissário de bordo. Conhecer importantes destinos turísticos e usufruir dos serviços de luxo de redes hoteleiras como a Accor, Marriott, Kempinski e outras, foram experiências que não consigo mensurar a relevância.

Acima deste conhecimento, o contato com culturas diversificadas também contribuiu muito para desenvolver uma visão diferenciada das peculiaridades culturais, das idiossincrasias de cada povo (por que os indianos balançam a cabeça, por que os árabes se cumprimentam tocando as pontas do naris etc.), que me ajuda a respeitar com muito mais naturalidade as diferenças culturais.
As experiências que tive em Dubai e pelo mundo foram, e tem sido, fundamental para o meu crescimento profissional. Além das oportunidades que tive de vivenciar hospedagens em hotéis de luxo pelo mundo todo, tive que passar por intensos treinamentos, pela Emirates, em qualidade em serviços de luxo.

O fato de estar em Dubai em um momento em que o Emirado estava a todo vapor no desenvolvimento do turismo, com os olhos do mundo todo voltados para ele, era um aspecto muito fascinante. Eu cheguei na Emirates no momento em que a Empresa também recebia o tão falado A380, o airbus de luxo, doubledeck, com capacidade para até 700 passageiros, bar, suítes e até mesmo um mini spa a bordo.

Outro acontecimento importante neste período foi a inauguração do Atlantis The Palm, um resort localizado na primeira ilha artificial The Palm Jumeirah. Nesta festa de inauguração, em setembro de 2008, foram gastos mais de 20 milhões (US$) para fazer uma queima de fogos 7 vezes maior que a da abertura dos jogos olímpicos da China.

Abu Dhabi inaugurava a mais magestosa mesquita antes vista, a Sheik Zaed Bin Sultan Al Nahyan Mosque, um símbolo opulente do islam, aberto para visitantes de qualquer outra religião.
Em Abu Dhabi tive também a oportunidade de conhecer o magnífico e suntuoso The Emirates Palace, resort de luxo da Kempinski.

Outra experiência inesquecível foi o café da manhã no Burj Al Arab, ícone hoteleiro mundial. Na verdade foi um pouco frustrante pelo tanto que esperava, mas sim, inesquecível. Fiz uma postagem no meu blog sobre essa experiência, para os que se interessarem, segue o link: http://victorhugocosta.blogspot.com/2009/07/burj-al-arab-experience.html.

Hoje consigo ser crítico no que diz respeito a serviços e estruturas de luxo, por ter vivenciado essas experiências.


4. E os pontos negativos?

Vou colocar esta resposta em tópicos:


* Ausência de ambientes familiares.

Embora as pessoas em Dubai se reúnam com frequencia, dificilmente nesses encontros se notará um ambiente familiar, com pessoas de uma mesma família, com gerações diferentes (avós, pais, filhos etc.). Eu sentia muito falta de estar em ambientes assim. Embora eu consiga viver longe a minha família, por ter a convicção de que eles sempre estarão ao meu lado, mesmo separados pela distância, não consigo ficar muito tempo longe do ambiente familiar.


* Calor.

Para quem não gosta muito do calor (o meu caso) Dubai é insuportável, principalmente no verão quando a temperatura ultrapassa os 50 graus com facilidade. Deste modo a vida nesta época se limita a ambientes fechados, com ar condicionado.


* Trabalho.

Ser comissário nunca foi meu objetivo profissional e de fato não era um trabalho onde encontrava prazer. Sei que toda profissão tem seus aspectos positivos e negativos, mas quando se faz algo que se gosta, os aspectos positivos sempre ofuscarão os pontos negativos e, o contrário disso também é verdadeiro.

Por não gostar do trabalho os pontos negativos se destacavam. Os horários malucos, a falta de desafio profissional, a minha ansiedade em trabalhar mais com o cérebro do que com o corpo, além de outros aspectos peculiares de se trabalhar na Emirates, como era o caso dos briefings antes dos vôos.

Os briefings são reuniões de 15 a 20 minutos antes de cada vôo. Nesses briefings o principal objetivo é conhecer rapidamente a equipe que fará a operação do vôo e também refrescar a memória no que tange aos procedimentos de segurança (safety and security). No entanto essas reuniões, na maior parte das vezes, eram muito tensas e estressantes. O purser (chefe dos comissários) podia fazer perguntas diretas sobre qualquer parte do manual de mais de mil páginas e, se o comissário exitasse ao responder ele podia ser retirado daquele vôo (off loaded) e obrigado a refazer os treinamentos da empresa. Alguns pursers fazia deste momento um terrorismo, ao invés de realmente usar o tempo para que um ajudasse ao outro a relembrar os procedimentos. O problema era mais agravante em vôos longos, pois se o clima começasse ruim, muitas vezes permanecia ruim durante o vôo todo, durante o layover e até a volta.



5. Havia muitos brasileiros ou sul-americanos morando em Dubai? Você
se relacionava com eles?

Brasileiros estão ganhando a mesma fama dos indianos e chineses!! Não existe qualquer lugar no mundo onde não se encontre um brasileiro! Em Dubai não era diferente, haviam muitos brasileiros sim, e alguns deles trabalhando pela Emirates também (afinal o grupo Emirates é o maior empregador dos Emirados Árabes Unidos). Eram comuns as festas latinas e festas de brasileiros em nightclubs e até mesmo em casas de brasileiros em Dubai. No entanto, as relações em Dubai sempre tomavam um ar superficial e, algumas vezes até movidas por algum tipo de interesse. Este aspecto me incomodava bastante, mesmo em meio aos brasileiros.
Hoje mantenho contato com poucas pessoas que conheci em Dubai, mais precisamente 04 pessoas, todos brasileiros.


6. Por que voltar ao Brasil?

Eu sentia que o impacto positivo que aquela experiência podia me proporcionar já havia acontecido e, ficar mais um mês em Dubai, ou mais 1 ano não traria mais tantas mudanças positivas relevantes.Eu queria desenvolver minha carreira na hotelaria e no meio acadêmico. Pensava da seguinte maneira: “se eu ficar em Dubai, trabalhando como comissário, durante 10 anos, posso engordar uma conta de investimentos financeiros, no entanto, será que este valor vale este investimento de 10 anos?” Eu sempre concordei com aquele jargão popular que diz que tempo é dinheiro. No meu ponto de vista, estava começando a perder tempo e consequentemente dinheiro também. O desenvolvimento de carreira exige um investimento de tempo e por isso resolvi voltar ao Brasil.

Além disso, no momento alge da crise mundial, Dubai se mostrava imponente e intocável. No entanto, eu percebia (e cheguei a comentar com o professor Trigo) que Dubai estava sofrendo com a crise e que em pouco tempo algo de muito sério poderia acontecer. Além de todas as notícias que vimos recentemente sobre a crise ter afetado Dubai, hoje converso com alguns colegas da Emirates que narram uma situação diferente, com uma empresa enxugando cada vez mais o quadro de funcionários, cortando regalias e até alguns benefícios que compensavam o “morar no deserto”.


7. A experiência valeu? por que?

A experiência valeu muito à pena! Sem esta vivência talvez eu não teria adquirido conhecimento e experiência suficientes para participar, atualmente, do programa de Movimentação Gerencial dos Hotéis escola do Senac. Tenho certeza que os examinadores da mesa de reunião do processo seletivo levaram em consideração a experiência que tive tanto trabalhando numa empresa que presta serviços de luxo, quanto vivenciando no dia a dia os benefícios desses serviços, principalmente nos hotéis que frequentava pelo mundo e em Dubai.


8. Quais são os planos agora?

Os planos agora são de me dedicar ao máximo neste novo desafio profissional (nos Hotéis-escola do Senac SP) e em breve iniciar um Mestrado voltado para área de marketing, provavelmente focando minhas pesquisas em hospitalidade e serviços de luxo.

sábado, 20 de março de 2010

ExpoTur 2010 - Vitória

Na sexta-feira começaram as atividades do Núcleo do Conhecimento do ExpoTur.
Os espaços deste ano foram ampliados para acomodar maior número de expositores e visitantes.

Dividi uma mesa com Márcio Nascimento (dir.), Diretor do Departamento de Promoção e Marketing Nacional do Ministério do Turismo, com mediação da Profa. Berenice.

Márcio falou sobre a Copa do Mundo e seus efeitos diretos sobre o turismo nacional e apresentou as últimas pesquisas sobre a imagem do Brasil no exterior. 90% dos visitantes estrangeiros mostram-se satisfeitos com o país e voltariam e os brasileiros com melhor imagem no exterior são Lula e Pelé, nessa ordem.

E eu falei sobre cenários e tendências do turismo internacional e brasileiro.

Revi vários colegas professores e profissionais do Espírito Santo.

Márcio e eu, sentadinhos, esperando comentários e perguntas por parte do público.

Saí de lá direto para o aeroporto e dessa vez nem deu para comer a minha moqueca de siri desfiado. Mas eu volto.

quinta-feira, 18 de março de 2010

ExpoTur - Vitória, ES 2010

Estou em Vitória, ES, no 6º Salão de Turismo e 1º Salão do Artesanato do Espírito Santo. Sexta-feira divido uma mesa com Márcio Nascimento, diretor de marketing do Ministério do Turismo, onde falaremos sobre as tendências atuais, Copa do Mundo etc.


Vitória quer se inserir definitivamente nos fluxos turísticos nacionais. O estado ficou um tempo isolado, teve péssimos governos no passado e não conseguiu fazer o aeroporto novo porque as verbas sumiram, mas o atual governo estadual quer aproveitar a onda de desenvolvimento e os vizinhos ricos (MG, RJ e BA) para firmar sua qualidade de serviços e hospitalidade. Acima a Ilha do Boi, com o Hotel-Escola do Senac.

Essa pequena marina está bem em frente do meu hotel (Bristol Praia do Canto) e eu a vejo de minha ampla janela.
O Salão do Turismo do Espírito Santo (eita nome bonito!) inspirou-se no do Ministério do Turismo, realizado em São Paulo. Segundo Marcus Vicente, secretário estadual de turismo, o estado fez a lição de casa para atrair visitantes, investidores, profissionais e empresários.

Sua estrutura é completa:

Área de Comercialização
Salão de Operadoras Receptivos do ES
Salão de Roteiros Turísticos Capixabas
Salão de Aventura e Ecoturismo
Vitrine Capixaba (artesanato, agricultura familiar, jóias, saber fazer, arte e gastronomia)
Encontro de Negócios em Turismo e Artesanato
Núcleo do Conhecimento
Missões Promocionais (Caravana Expotur e Press Trip Expotur)
Prêmio Região Top de Artesanato e Turismo
Encontro Capixaba de Assessores de Comunicação em Turismo
Encontro de Prefeitos, Secretários e Gestores de Turismo do ES


E tem comida e bebida regional...

... e muita gente participando de palestras, seminários e discussões.
O Brasil descobriu a beleza de sua arte popular, da gastronomia, do artesanato e de suas manifestações criativas e belas...
... como essas flores de conchas marinhas.

(da esquerda) D. Odilo, Bispo (católico) entusiasta do turismo, Tânia Zapata do Ministério do Turismo, Marcus Vicente (Secretário Estadual de Turismo) e esposa.
Cores, formas e estilos expressam uma cultura rica dos artesãos...

... que possuem nome e endereço. Foi um avanço social e cultural inserir os artesãos nos salões de turismo e fazer justiça à sua arte, informando ao público seus nomes e a referência geográfica de sua arte. Isso começou com o Salão do Turismo do MTur e está sendo seguido pelas boas gestões que entenderam a importância de incluir pessoas nos processos produtivos, garantindo seus créditos e espaço para sua cultura.


E que estética sofisticada, plena ...
... e marcada pela criatividade.
Berenice (assessora da prefeitura de Serra). Tânia Omena (ABBTUR Nacional) e Maria Goretti (empresária) riem e comentam as coisas do Salão.


O evento começou hoje e vai até 21 de março, sendo aberto ao público em geral. Amanhã falarei sobre as tendências e cenários do turismo brasileiro.

Prof. Carlos Costa e o INVTUR


O prof. Carlos Costa (dir.) gentilmente enviou-me esta mensagem que reproduzo abaixo. Aproveito para deixar, de público, os agradecimentos pela gentileza e hospitalidade com que a delegação brasileira - assim como todos os outros - foi brindada em Aveiro, Portugal.


Olá Luiz,
Entrei no teu Bolg e estava a publicar o texto que segue em baixo, mas não consegui ... será que o podes publicar?
Um abraço
CC
Caro Trigo !
Foi um grande prazer ter-te visto em Portugal no nosso INVTUR 2010. E a tua reportagem sobre Portugal é linda ... só podia sair de uma personalidade que sabe integrar o saber académico-cientifico, com o olhar perspicaz de um turista douto!
Obrigado a ti e a todo o Brasil por nos saberem acarinhar como vocês tão bem sabem fazer!
Um grande abraço desde Aveiro ... e voltem sempre ... eu pela minha parte também regressarei sempre ao vosso país lindo que é o Brasil!
Um abraço
Carlos Costa

segunda-feira, 15 de março de 2010

Portugal INVTUR - As conclusões do Congresso

A Conferência Internacional Inovações em Turismo (INVTUR) 2010 foi organizada pelo Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro, sob a coordenação geral do Prof. Dr. Carlos Costa. Portugal recebeu pesquisadores de 26 países, inclusive os internacionalmente reconhecidos que vieram do Canadá, Reino Unido, Grécia, Itália, Brasil, México e Espanha, além de centenas de estudantes e pesquisadores portugueses que prestigiaram o evento.

A marca da Conferência foi a boa organização, pontualidade (quinze minutos é tolerável), sobriedade e um ambiente de trabalho destinado a atualizar os conhecimentos, formar redes acadêmicas, conhecer pessoalmente os autores e trocar informações.

Os cerca de 25 brasileiros(as) presentes, inclusive muitos estudantes de pós-graduação, representaram a nova geração de pesquisadores que observa e analisa o fenômeno turístico no contexto de outras disciplinas e com um enfoque não apenas regional ou nacional, mas articulado com a pesquisa internacional de ponta na área. Carlos Costa deixou claro as propostas já no título de sua palestra "Diminuindo o abismo entre pesquisa turística, educação e mercado". Em Portugal há 64 cursos de turismo (nove universitários e 55 politécnicos ou tecnológicos), a necessidade de se formar solidamente as redes de pesquisadores e a expansão da pós-graduação de maneira articulada com as áreas estratégicas onde ocorre o turismo. O país sente a necessidade de ter melhor representação do Turismo na burocracia estatal acadêmica (assim como acontece no Brasil). Acima, Prof. Alexandre Panosso em sua comunicação sobre formação em turismo no Brasil.

Chris Cooper reforçou a necessidade de se entender as novas tecnologias e os aspectos globais e locais (glocal), integrar a áreas de turismo e hospitalidade aos outros estudos, aproveitar as possibilidades da sociedade do conhecimento, falou do crescimento dos cursos na Ásia e América Latina e caracterizou o currículo como um jogo de forças entre:

Educação e Treinamento
Trade e Academia
Conhecimentos genéricos e práticos
Defesa e Aceitação do corpo de estudos
Necessidades vocacionais e interesses do trade
Núcleo de disciplinas ligadas ao turismo e liberdade de ensino.

Afirmou que o turismo precisa liderar e inovar o campo de pesquisas e aplicação, ser multicultural e altamente conectado às novas tecnologias.

Acima, na foto, a minha comunicação.

Ética, estudos legais, internacionalização, transferência de tecnologia e conhecimentos, novos currículos, integração disciplinar, formação de redes, novos desafios educacionais, cultura e sustentabilidade foram pontos amplamente discutidos ao longo de 35 sessões de apresentações, sempre com ótimo público. Trabalhou-se muito, passeou-se pouco, conversou-se bastante com os colegas e profissionais presentes no evento. Foi um importante momento internacional para se repensar os caminhos, desafios e possibilidades de nossa área de lazer, turismo e hospitalidade.

Na última noite voltamos ao restaurante Telheiro para o jantar de despedida. Félix e Marcellino tornaram-se grande camaradas dos brasileiros e todos reconheceram a generosidade de Félix em doar sua biblioteca para a USP, onde ficará à disposição de pesquisadores de todas as instituições nacionais. Levantamos vários brindes para ele e para todos nós.

Álvaro do Espírito Santo foi o primeiro presidente da ABBTUR Nacional e hoje está na UFPA e na direção do turismo de Belém. Na foto devora uma enguia.

Bruno e Helena Costa, um casal descolado. Helena foi minha aluna no mestrado da UNIVALI, em Balneário Camboriú (SC). Depois foi direto para doutorado na UnB e agora é professora recém-concursada da própria UnB, em Brasília. Um caso de carreira rápida e brilhante. Tem muito futuro.

Este peixe é um rodovalho, típico da região. Foi devorado acompanhado por vinhos verde e tinto, batatas, couve e muito azeite de oliva. E comemos novamente as enguias e as sardinhas na brasa.

Nosso garçom tinha uma cara de bravo mas foi um cavalheiro, competente, bem humorado e nos aturou até a última jarra de vinho. Não lembro seu nome, mas sua capacidade profissional é inesquecível.

Foi uma mesa farta e alegre como só um sentimento de internacionalização solidária pode oferecer.

Rosana Mazaro, coordenadora do mestrado em turismo da UFRN, eu e Mirian Rejowski (ex-USP e agora no mestrado da Anhembi-Morumbi), ainda com caras de fome esperando os pratos. Ao lado o Fabiano, um professor italiano residente em Portugal.


Há que se trabalhar muito, mas com bom humor, disposição e uma boa cara para com o presente e o futuro, como a Rosana bem demonstra degustando a sobremesa denominada de "baba de camelo", que virou uma globalbaba depois que tomo mundo meteu a colher.

Juliana, mestranda da UFRN, fez a sua primeira participação num congresso internacional. Sua foto aqui fica como uma homenagem às novas gerações, com a possibilidade de ampliar as fronteiras do conhecimento na área, deixando de lado os velhos vícios acadêmicos, as ideologias arcaicas e o ranço de um "turismo" da velha guarda, marcado, em parte, por muita fantasia e pouca competência. Basta ver como o número de cursos de graduação diminui a cada ano, um fenômeno normal e já previsto por nós a cerca de uma década. Mas se falta qantidade, sobrevive a qualidade. Se depender da nova geração de pesquisadores que estava em Aveiro, da moçada que trabalha no Brasil e em vários países do mundo, o setor tem um futuro promissor e alvissareiro.

Tudo isso aconteceu em Portugal, no final do inverno e sob o tímido sol que sucedeu às chuvas torrenciais. Valeu a Conferência, valeu a hospitalidade e o exemplo de organização. Ficaram as satisfações e as saudades.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Portugal - INVTUR Aveiro (2)

Aveiro é uma cidade hospitaleira, bonita e com ótimos preços. A comida, baseada em frutos do mar, peixes é excelente.

Seus canais e ruas históricas são limpos e muito agradáveis para se flanar a qualquer hora do dia ou da noite. O point é a Praça do Peixe, no centroo da cidade, com bares e restaurantes descolados.


O congresso foi um momento especial de encontro entre portugueses, brasileiros, espanhóis, mexicanos, italianos, ingleses e outras nacionalidades. O público brasileiro é o segundo em número (cerca de 25), contando com muitos estudantes que fazem doutorado nas várias universidades do país. Finalmente os estudantes e professores de turismo brasileiros descobriram que é fundamental uma abertura às idéias do mundo e os contatos com os parceiros internacionais. É o velho e manjado glocal (GLOcal ideias, loCAL context). Acima a professora Mirian Rejowski, feliz da vida assistindo as palestras.


O amigo mexicano Marcellino Castillo Nechar e Alexandre Panosso (os últimos à esquerda)em uma das sessões de debates e exposição.

Os plenários e sessões de debates sempre lotados e com participações intensivas.

O inglês John Tribe é uma das personalidades globais do turismo acadêmico e fez uma das palestras. Ele é da Universidade de Surrey e já esteve várias vezes no Brasil. Detentor de uma das redes mais significativas de pesquisadores e autores (Annals of Tourism Research) possui um ótimo humor e tem especial apreço pelos brasileiros.

A noite é marcada pela gastronomia luzitana. Aí estáo prato de enguias que comemos. É a época do peixe, difícil de ser criado em cativeiro e de sabor instigantemente delicioso.


O almoço é em um dos salões do campus da Universidade de Abeiro. Sempre um bufê, digamos, generoso e que brinda a gula com o que ela tem de melhor: satisfação.

Nada como uma universidade européia: vinho nas refeições e à vontade. É ótimo para fazer um warm up antes das participações.

Outra personalidade intternacional, Jafer Jafari (à esquerda, ao lado do Panosso), agora vivendo no Algarve. Jafari já esteve conosco na USP-Leste e ficou em São Paulo por uns quatro dias.

Se for a Aveiro vá a esse restaurante (O Telheiro), Praça do Peixe. Lá comemos enguias, arroz de robalo, bacalhau, picanha, acompanhados de jarras de vinho da casa. Voltaremos hoje à noite para nos despedir em grande estilo.

Temos encontro marcado com nossas amiguinhas enguias que hoje à noite estarão em nosso prato. O box do mercado onde elas foram fotografadas fica bem em frente ao restaurante O Telheiro e o canal marítimo é bem ao lado. Fresch and slow food.

Essa foto foi hoje de manhã. Agora estou na sala de computadores e vou para minha sessão do congresso onde ffalarei sobre História do Turismo no Brasil. Depois eu conto.