quinta-feira, 29 de novembro de 2007

11 destaques da The Economist- Guia básico

A edição especial da revista britânica The Economist, intitulada The world in 2008, traz poucas coisas sobre o Brasil e algumas sobre o mundo. Escolhi onze destaques:
1. A estrela da revista é a China, com uma seção muito especial (pág. 71-79)
2. Os analistas pensam que os EUA e o Irã farão um grande acordo em 2008 (pág. 18);
3. Peter Diamandis, presidente da X Prize Foundation, pensa que o turismo espacial será algo cada vez mais normal nos próximos anos e que a exploração comercial privada do espaço se dará nas próximas décadas (mineração, energia e propriedade - real state, pág. 153);
4. O populismo latino-americano está representado por Chavez, Morales e Fernando Lugo, do Paraguai, mas o Lula é visto como social-democrata e tranquilo. A figura do presidente brasileiro está descolada da imagem ruim dos populistas locais e isso é ótimo. Dizem que a potência regional (ou seja, nós) seguirá calmamente seu rumo a taxas de crescimento de 4% ou 5% ao ano (pág. 65-66);
5. Se não há tantas incertezas, tampouco certezas. A tendência são micro-tendências, ou seja, futurologia discretíssima. Ninguém se arrisca a dar grandes palpites sobre o futuro (pág. 104);
6. A análise econômica específica sobre o Brasil é sóbria, o país crescerá mas não será uma estrela internacional tão brilhante (pág. 113);
7. A grande discussão em turismo diz respeito às companhias aéreas (inclusive o novo A380) e a política de céus abertos entre Europa e EUA (pág. 120);
8. Em entretenimento, Bollywood (Índia) fará uns 800 filmes, enquanto Hollywood lançara uns 600. A Índia lançará um parque temático em Mumbai a um custo inicial de US$ 100 milhões (pág. 118);
9. Número 1, Burj Dubai Boulevard, Dubai, UAE. Endereço do prédio mais alto do mundo a ser inaugurado em Dubai, outra das estrelas internacionais. Terá o Hotel Armani, lojas, residências, spas e escritórios corporativos (publicidade na pág. 129);
10. O mapa global dos riscos em investimento mostram países com cores que vão do negro (Venezuela, Iraque, Filipinas), com maior risco, ao verde-claro (EUA, Canadá, Austrália, Portugal, França, escandinávia, Japão...), com menor risco, passando por vermelho, amarelo e verde-escuro na ordem decrescente dos riscos inermediários. O Brasil está em verde-escuro, ao lado da Espanha, Itália, leste europeu, Coréia do Sul. Nada mal. (pág. 145);
11. Quem mais vai crescer no mundo? Angola (21,1%), Azerbaijão (17,4%), Guiné Equatorial (11,1%), China (10,1%) e Qatar (9,5%) (pág. 107).
Dê uma olhada em que tipo de empresas ou países fazem publicidade na revista. Um ótimo perfil do whos´s who global.

Voltei

Domingo fez o maior sol em Nice. 18 graus, céu azul, um monte de gente nas ruas e alguns tomando sol na praia de pedrinhas redondinhas mas de água límpida. E fria. Estava a uns 13 graus. Claro que não entrei, mas vi 3 pessoas nadando, certamente congelando a libido.
Os novos bondes fizeram o maior sucesso. O dia todo tinha gente e fila para andar nas máquinas pós-modernas. Eu que vi a despedida dos bondes em Campinas lá pelos anos 1963 ou 64 (faz tempo!) vi também o renascimento dos bondes em Nice, lindo isso.
Daí voltei na segunda-feira, a bordo de um Airbus 340/600 novinho da Lufthansa. Saí com o gelo acumulado na pista do aeroporto de Munique e cheguei com o país coberto por nuvens (vôo diurno). Claro que atrasou, a torre de Guarulhos mandou a gente voar por mais 50 minutos, sei lá por que. Só não me preocupei porque depois de 13 horas de viagem não devia ter muito combustível sobrando, ou seja, desceríamos logo e de qualquer jeito. E assim foi.

sábado, 24 de novembro de 2007

Afinal, o que vim fazer em Nice?

Vim para a reuniao anual de professores e estudantes da Global Travel and Tourism Partnership - GTTP. Esse grupo é bancado pela Lufthansa, KLM, Starwood Hotels, Amadeus, Hertz, American Express, HRG e World Travel and Tourism Council. A Lufthansa deu os vôos, o grupo Amadeus, em Antibes, sediou o meeting e nos hospedamos no Le Meridién, em Nice.
Nove paises fazem parte do grupo: Brasil, Reino Unido, Irlanda, Africa do Sul, Jamaica, Hong Kong, Canada, Russia e Hungria.
Este ano tivemos a apresentacao dos trabalhos de alunos e professores que analisaram o tema: "Patrimônio cultutal: quem se beneficia?". Cada pais trouxe um professor e dois estudantes como prêmio pela escolha do melhor trabalho e esses foram apresentados aos parceiros globais.
Assistimos analises de como antigas minas irlandesas, casas senhoriais da Russia ou Jamaica, castelos hungaros ou canadenses fazem parte do patrimônio cultural que beneficia turistas, as proprias cidades e suas comunidades. O Brasil apresentou o trabalho da ONG Fênix, de Santana do Parnaiba (SP) e mostrou como uma equipe de jovens profissionais ajuda a restaurar edificios historicos. Esse grupo é auxiliado pelo SENAI de Minas Gerais e realiza trabalhos em varios lugares do Brasil, inclusive em Santana do Parnaiba.
No Brasil, a GTTP é representada pela Academia de Viagens e Turismo, que foi dirigida por 12 anos pela Profa. Regina Almeida, da geografia da USP. Eu dirigi a AVT por quase dois anos e essa metodologia desenvolvida pela Regina foi a base do trabalho aplicado junto ao Ministério do Turismo denominado "Caminhos do Futuro", desenvolvido em 16 estados brasileiros. Veja o site www.caminhosdofuturo.com.br
O trabalho no Brasil é feito para as escolas publicas de nivel médio e destina-se a disseminar e concolidar conceitos e métodos para um turismo consciente, sustentavel e bem articulado com a comunidade e as empresas responsaveis.

Novidades européias: livros e coisas

Saiu o anuario da revista britânica The Economist, "The world in 2008". A Airbue é vingativa e deu o troco. Ano passado a revista criticou o atraso da entrega do A380 e comentou sobre os bilhoes de prejuizo para a empresa. Na edicao deste ano, logo nas duas primeiras paginas internas, a Airbus colocou uma bela publicidade com a silhueta do A380 ao fundo afirmando que o jato é mais moderno que qualquer coisa do passado ou do futuro recente.
Na capa o presidente francês, o iraniano,o Dalai Lama, a selo dos EUA, o aquecimento global e um encarte especial dedicado a China.
Algo sobre o Brasil? So um pequeno box afirmando falamos mais do que fazemos e somos o botton line do BRIC, tudo isso ilustrado com um grafico (pag. 113). Sobre entretenimento, viagens e turismo as perspectivas sao boas. O destaque é a abertura dos céus entre Europa e EUA a partir de abril de 2008. O novo acordo permitira que qualquer companhia aérea européia voe para os EUA livremente - e vice-versa. Muito bom para a competitividade.
Acabou de sair na Franca o livro "Les dillemes du tourisme" (Paris:Vuibert, 2007). Comenta os dilemas da ética, do petroleo, do capital social, da economia, da sociologia, da geopolitica e dos desastres e terrorismo. Nada mal, pois assim as pessoas entendem mais facilmente que o turismo é algo além da economia e de um simples gerenciamento.
Um outro livro importante é: "Turismo hoy: ganadores y perdedores, alternativas meridionales" (Madrid: Editorial Popular, 2007). Sao varios autores: Bernard Duterme, Anita Pleumaron etc. O livro discute o modelo de desenvolvimento do turismo nos paises pobres, as mulheres, a ética, turismo global, o meio ambiente e areas pobres como a Africa. Uma analise diferente dos modelos tradicionais em geral dirigidos apenas ao turismo de massa e aos grandes centros.
A Tashen publicou um tijolo ilustrado intitulado "The great scapes of the world". O livro é sobre destinos paradisiacos e descolados do mundo, onde o principal atrativo é a beleza natural. O Brasil foi contemplado com quatro destinos do nordeste, todos pequenas pousadas e hotéis boutique.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

O bonde da historia de Nice

O outono na Côte D'Azur é morno: 16 graus.

As ruas da sexta-feira, de noite, tiveram um agito especial por causa da abertura oficial da nova linha de bondes (tramway), com 21 paradas e linha especial de superficie que vai economizar minutos valiosos no trânsito da cidade.
O trem é descolado, moderno e com linhas que lembram o TGV. Custa 1,30 (euro) e percorre todo a area central em um "U" com uns seis quilômetros de comprimento.
No sabado o tram vai circular gratuitamente para os citadinos e turistas aproveitarem a novidade. A greve dos trens nao vai afetar o novo sistema de trasporte publico de Nice.
O centro urbano foi bastante reurbanizado com a obra e o charme dos trens do inicio do século XX regressa em grande estilo.

Do surrealismo a era medieval em um dia

Obs.: Postado em Nice, teclado sem acento.
Demorei para voltar a escrever porque os ultimos dias de viagem foram intensos e depois tive as reunioes em Nice. Fiquei dois dias no Parador de Aiguablava curtindo os caminhos pedregosos e as praias desertas do outono.
Na quinta feira da semana passada deixei Aiguablava bem cedinho e fui para Figueres, ainda Espanha e quase fronteira francesa. Ali eu vi uma das coisas mais fantasticas de minha longa historia museologica: o Teatro Museu de Salvador Dali, um templo muito louco do surrealismo.
Dali nasceu e morreu em Figueres, uma cidade da Catalunya distante dos roteiros turisticos de massa e porisso guarda essa preciosidade que é o maior objeto surrealista do mundo. O museu situa-se no antigo teatro municipal, que data do século 19 e foi destruido na guerra civil espanhola (1936-1939). Ali, Dali criou o museu-teatro.
Depois continuei a dirigir, ja em terras francesas, rumo a Carcassone. Imagine uma cidade medieval, coberta por muralhas com torres, sentinelas, seteiras e um imenso castelo no meio. Com uma historia selvagem de lutas, mortes e heresias. Ali é a regiao do denominado pais cataro. No século XIII, a Igreja criou uma cruzada para debelar os cataros, um grupo que acreditava ser o mundo algo ruim, criado pelo diabo, apenas o mundo espiritual seria bom e criado por Deus. Em um século mataram todos. Depois continuaram a cruzada contra os mouros e surgiu a Inquisicao, o horror medieval gerado pelo catolicismo.
Uma dica especial: o fotografo frances Gérard Sioen tem umas fotos espetaculares do pais cataro, da Bretanha e da Provence. Veja o site www.sioen-photo.com. Entre nas fotos e veja como os castelos, campos floridos, picos nevados e ruinas historicas de todo tipo enfeitam o interior francês.
Perambulei pelas suas ruas sob um frio de dois graus; Depois, no final da tarde, ainda segui para Avignon a terra dos Papas. Cerca de sete Papas viveram em Avignon na idade média por causa de problemas politicos na Italia. Os sete papas tiveram que ficar em Avignon de 1305 até 1378, boa parte do século XIV. O castelo dos Papas é uma imensa aula de historia em pedra, mobilia e arte. O vinho Chateneuf-du-Pape provém de Avignon, santa bebida.
Finalmente no domingo retornei a Nice. Foram dois mil quilometros por Aguis Morts, Pirineus, Andorra, Barcelona, Figueres, Carcassone e Avignon: Provence, Pirineus, Catalunya, pais Cataro e provence novamente.
Depois conto da GTTP.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Global paths IV: Penhasco aconchegante

Escrevo no silêncio de uma sala agradavelmente aquecida. Ao fundo ouvem-se os acordes de uma música erudita, provavelmente composta na Catalunha. As amplas salas desse prédio moderno foram valorizadas e decoradas de uma maneira sóbria, minimalista e requintada.
Lá fora faz 5 graus centígrados e o vento sopra selvagemente pelas rochas escarpadas. Estou em um penhasco, cercado pelas ondas do Mediterrâneo. Aqui é a Costa Brava e o lugar chama-se Aiguablava, para nao deixar dúvidas quanto às suas características naturais bravias. As praias sao envoltas por encostas e penhascos cobertos por árvores imensas. O mar cerca a propriedade por três lados e a lua nova me faz lembrar dos tempos em que os mouros dominavam essas terras. O crescente...
Dirigi 3 horas até aqui, vindo de Barcelona, pela costa e pelo interior. Estradas em obras, desvios e sinalizaçao parcial, mas valeu a pena. Vim especialmente conhecer o Parador de Aiguablava, um dos 75 Paradores espanhóis e talvez dos mais afastados das rotas do turismo de massa. O mais afastado certamente chama-se Canadas del Teide, em Tenerife, a dois mil metros de altura, ao pé do magnífico Teide. Lá passei duas noites geladas e absolutamente escuras, comendo veado (o bicho), vaca (o bicho, também) e bebendo vinho tinto forte. Foi na época em que dei aulas em Las Palmas de Gran Canaria, por volta do ano 2000.
Ao lado há o povoado de Begur e a fronteira da França está a pouco mais de uma hora de viagem, mas só pegarei o carro depois de uma noite sossegada e aconchegante.
Daqui a pouco o jantar será servido. Dizem que o Parador é famoso por sua gastronomia com base em peixes e frutos do mar da Catalunya hispano-francesa. Depois eu conto.
Se quiser ver o Parador entre em www.parador.es , procure no diretório, é o primeiro: Aiguablava.
Amanha começo minha volta rumo à França. Ainda tenho dúvidas sobre o caminho a percorrer. Decido na estrada. No meio do mundo antigo.

Global paths - Europa III: Uma catedral de sonhos

Hoje cedo fui rever uma das obras mais estranhas e belas do planeta, a Catedral da Sagrada Familia, em Barcelona. O edifício, com ares de artes alianígenas, entra no terceiro século de sua construçao. O diretor inicial do projeto foi Antoni Gaudí e as obras iniciaram-se em 1882. O prédio enfrentou crises financeiras, a Guerra Civil da Espanha (1936-1939), mudanças de governo e outros imprevistos mas lá está, sendo lentamente construído, na verdade montado e esculpido.
A primeira vez que o visitei, anos atrás, fiquei impressionado com a genialidade e heterodoxia de sua obra e sonhei com suas estruturas orgânicas e simbólicas. Um simbolismo que transcende o cristianismo erudito ou popular e se projeta no inconsciente do paganismo universal.
O templo ainda está inacabado. O dinheiro para as obras provém das entradas que os visitantes pagam (8 euros), do passeio de elevador até a torre (2 euros) e da loja de souvenirs. Claro que há ofertas e esmolas oferecidas por admiradores, mas a proposta do chamado "templo expiatório" é justamente tirar recursos dos pequenos donativos. A visita permite ver os técnicos e operários trabalhando, escavando e compondo o onírico edifício.
Hoje a igreja sofre uma nova ameaça. O projeto do trem de grande velocidade (AVE) que ligará (essa palavra em espanhol é bem sacana...) Madrid/Barcelona/Paris passa a pouquíssimos metros dos seus alicerces. Há um escritório de voluntárias fazendo um abaixo assinado para que mudem seu trajeto, pois máquinas pesadas deslizando perto das estruturas podem trazer consequencias imprevisíveis e danosas.
A Sagrada Família para mim possui um duplo significado. É ao mesmo tempo uma enciclopédia em pedra dos avanços que a arquitetura e a arte religiosa fizeram através dos milênios da nossa história e uma analogia com nossas vidas. Somos como a Catedral: incompletos e misteriosos. Cheios de símbolos mesclados com curvas, inscriçoes, esculturas, relevos e entalhes os mais variados possíveis. Espero sempre voltar a Barcelona para ver as obras da Catedral. Talvez eu morra antes dela ficar pronta. Mas se eu vê-la pronta, morrerei depois. O que importa é que ela seja permanentemente construída e ampliada e decorada e enfeitada. Um monumento dedicado ao futuro e à esperança.
A propósito, "ligar", em espanhol, é transar. Use sempre uma linha segura.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Global Paths - Europa II

Obs.: estou postando de Barcelona, teclado sem acento. Sorry.
Recebi um e-mail com uma pesquisa da Global Futurebrand intitulada Country Brand Index. Ali aparece que a China, os Estados Unidos e o Brasil sao os paises que pior administram sua imagem turistica. Me contem algo novo, isso e obvio. Como um pais com a criminalidade, impunidade, servicos ruins e crise em infra-estrutura (veja o caos aereo) pode administrar bem sua imagem, a despeito de todo o esforco do Ministerio do Turismo?
A Espanha e um case de sucesso gracas a sua vontade politica, historia e competencia para jogar em um mundo globaliziado. Barcelona, por exemplo, e linda, excitante e satisfatoria. Linda pela arquitetura e planejamento urbano. Excitante pelas promessas que a atmosfera cosmopolita e bem estruturada nos traz. E satisfatoria proque cumpre essas promessas. Cumpre pela gastronomia, pela moda, pelas livrarias, galerias de arte, edificios antigos e bem conservados ou modernos e arrojados. Sem contar todo o resto que nao aguento enumerar.
Hoje (quarta-feira), por exemplo, almocei no mercado de la Boqueria, num estaurante chamado El Cochinillo Loco. Um lugar simples, cheio de estrangeiros e gente local. Comi um peixe acompanhado de legumes, papas fritas e sangria. Depois fui comprar nozes, avelas, doces e franboesas nas bancas do mercado. Dali rumei feliz para as livrarias, as ruas cheias de gente e os parques com as arvores perdendo as folhas e mudando as cores para todos os tons de amarelo avermelhado possiveis. Isso faz a imagem positiva da Espanha. Isso significa algo importante para um pais.
Claro que existem outras possibilidades, mais caras e mais baratas em Barcelona, mas o mercado e um paradigma simbolico da sociedade, haja vista a palavra que designa o mercado em varias linguas. Alias os mercados de Sao Paulo, belo Horizonte e Porto Alegre sao bons exemplos do que estou a citar.
Isso significa tambem qualidade de servico, a base do turismo e da cidadania. Sao coisas simples mas extremamente bem feitas que deixam uma pessoa satisfeita. La puta madre de la calidad depende de cultura, da vontade e da competencia.
Me diverti com os jornais discutindo o cala-boca que o Rei da Espanha deu ao Chavez. Saiu uma foto dos tres patetas latinos (Daniel Ortega, Morales e Chavez) em um jornal e um comentario sobre o novo populismo latino-americano. Ainda bem que nosso presidente ficou fora dessa babaquice. Mas ja acalmaram os animos. Afinal, a Telefonica, Santander, Banco Bilbao Vizcaya e outras empresas espanholas tem negocios com a Venezuela. E eles tem petroleo. Voltemos para a sangria de beber.

Global Paths - Europa I

Obs. Estou postando de Barcelona e o teclado nao tem acentos, portanto sorry.
Cheguei em Nice no domingo, dia 11. Tenho uma reuniao da Global Travel and Tourism Partnership dia 19, mas aproveitei os efriados para curtir uma semana pelos arredores. E que arredores... Aluguei um carro em Nice (Citroen C-4, com o qual estou me dando muito bem) e sai por ai. No domingo dormi em Aix-la-Provence e na segunda-feira visitei Marseille, bem rapidamente. Passei pela cidade medieval de Aguies Morts, um enclave do seculo XII em frente ao lado feio (meio pantanoso, esquisito) do Mediterraneo, mas cercada pelas belissimas vinicolas da regiao. O Mediterraneo e um mar limpido e cristalino no geral, estranhei a estrutura geografica dali, mas o cenario das terras compensa.
Depois dirigi ate a Espanha e ao entardecer comecei a percorrer as rotas dos Pirineus. Esfriou bem. A temperatura caiu de 16 para 1,5 grau centigrado, mas a natureza e o por do sol nas montanhas foram um espetaculo silencioso e existencial. Dormi em La Seu D´Urgell, uma pequena cidade nos Pirineus com um Parador, ao lado da antiga Catedral e seu conjunto historico. Os Paradores sao uma instituicao espanhola criada em 1928, pertencem ao estado mas possuem uma qualidade excepcional. Sao locais de hospedagem instalados em antigos mosteiros, castelos ou palacios, ou ainda em regioes de grande beleza natural e importancia turistica. Nesta epoca de baixa estacao custam uns 100 euros por apartamento (muito razoavel, na Europa) e o segredo de seu sucesso baseia-se na gastronomia, manutencao da propriedade e relevancia historica-turistica. Entre no www.parador.es e veja a rede de 75 estabelecimentos de alto nivel espalhados pelo pais.
Eu penso que o outono e uma das estacoes mais agradaveis para se visitar a Europa (a primavera e legal, mas o final do ano tem um lado especial). Andar pelas ruas mastigando uma castanha assada quentinha, sentindo o cheiro de lenha queimada das laeiras e o ar frio das pequenas cidades e memoravel.
Os Paradores sao realmente aconchegantes. Apesar de estar sozinho, meu jantar em La Seu D´Urgell foi memoravel: vinho tinto, pao com azeite virgem, uma merluza suave e saborosa e doces caseiros respeitaveis. Claro que o atendimento ajudou. Uma senhora experiente e profissional me serviu de maneira correta e atenciosa.
No dia seguinte fui para Andorra (um Paraguai da vida, como um amigo de turismo bem disse) e depois desci para Barcelona em uma auto-estrada de boa qualidade, apesar de ser pista unica.
Conto mais a seguir.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

BRA e sua breve história podre

Não dá para citar as fontes, mas a história da BRA, proriedade da família Folegatti, donos da PNX Travel é problemática. Dizem por aí, que a antiga Panexpress e a Varig foram as responsáveis pela falência precipitada da operadora Soletur, em 24 de outubro de 2001.
A história é a seguinte: a Soletur fazia vários fretamentos com os aviões da Varig mas, ultimamente, a operadora enfrentava dificuldades financeiras. Um esquema seguro seriam os pacotes de Natal e reveillon em Nova Iorque aproveitando as tarifas hoteleiras e aéreas mais baixas do inverno, algo que já dera certo nos anos anteriores. Veio o 11 de setembro e a situação internacional ficou crítica. Claro que os vôos foram cancelados, o Natal daquele ano em NYC foi uma merda.
A Varig (através da famigerada Fundação Rubem Berta) queria se beneficiar dos fretamentos e teria, de alguma maneira, precipitado a falência da Soletur cobrando de uma só vez antigas dívidas - e os tribunais aceitaram. Na época os antigos donos da operadora colocaram uma carta na internet denunciando essa manobra, mas tudo ficou no "limbo dos casos brasileiros que não queremos resolver".
A Varig Travel surgiu em 2001 e utilizava aviões da BRA arrendados da própria Varig. O nome BRA era uma ficção no papel, pois as aeronaves eram RG. No dia 31 de outubro de 2003, em uma assembléia geral, 92% dos acionistas da própria Varig Travel dissolveram a empresa. Essa história nunca foi bem explicada e comentada pela mídia, pela ANAC, pelas empresas aéreas e nem por mim mesmo porque não há dados suficientes disponíveis para estudos e análises. A Panexpress virou PNX Travel e a BRA firmou-se como uma empresa de baixíssimo custo (e baixa qualidade também).
Agora ela vai à falência. De repente? A ANAC não sabia? O Ministério da Aeronáutica, incompetente orgão (ir)responsável pela baderna aérea do país não sabia? Você não sabia? E comprou passagem pela BRA? Dançou. Vai ficar no "limbo dos casos brasileiros que não queremos resolver".
Aliás, os ministérios avisam: não voe BRA, não voe nos horários e dias de pico, não voe no verão, não use carro a gás, não voe em learjets, não voe em helicópteros em dias de vento, não queira saber porque a TAM põe um Airbus pinado para aterrisar lotado em dias de chuva em Congonhas, não critique as autoridades aeroportuárias, não encha o saco.
Relaxe e perca a grana. Relaxe e morra.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Projeto Caminhos do Futuro

Na última reunião do Conselho Nacional de Turismo fomos para Brasília (Regina Almeida, Flávio Bittelman e eu) entregar à Ministra do Turismo a coleção completa dos livros do aluno do projeto Caminhos do Futuro. O Ministério do Turismo (ainda na gestão de Walfrido dos Mares Guia), bancou o projeto. A profa. Regina Almeida foi sua idealizadora e passei a coordenar a equipe em 2006. Fomos para 16 estados levar um curso específico sobre as possiblidades e os problemas do turismo para professores de nível médio das escolas públicas. O MinTur bancou a distribuição 150.000 livros nesses estados, mais mapas didáticos (feitos pelo Sérgio Fiori), jogos "Viajando pelo Brasil" e os cursos que foram dados por professores da USP e da Metodista Metodista de São Paulo.

Foi uma experiência fascinante, viajar pelo interior do Brasil contatanto os colegas professores e vivenciando os problemas e as soluções que cada região encontra para implementar o turismo. Estivemos em São Raimundo Nonato(PI), Porto de Galinhas(PE), Foz do Iguaçu(PR), Palmas(TO), Brasília(DF), Caldas Novas(GO), Caxambu(MG), Barreirinhas(MA), Aracaju(SE), Manaus(AM), Maragogi(AL), Matas de São João(BA), Pelotas(RS), Jijoca de Jericoacara(CE), Balneário de Camboriú(SC) e São Mateus(ES).

Na próxima semana viajo para a reunião da Global Tourism and Travel Partnership (GTTP), em Nice, para levar as impressões do projeto para a coordenadora geral que é responsável pela Academia de Viagens e Turismo (AVT) no Brasil. Contarei tudo pelo blog. Direto da França e incentivado pelos seus vinhos nacionais.

A propósito, o site do projeto é: www.caminhosdofuturo.com.br

Você pode fazer download gratuito de todos os livros do projeto. Cortesia do MinTur.

Aproveite.

Dois anos de "Análises..."


Esta foto foi tirada em 2005, por ocasião do lançamento de nosso livro Análises regionais e globais do turismo brasileiro, no congresso da AVIESP em Águas de Lindóia. Depois o livro foi lançado no CB-Tur em Belo Horizonte. Foram publicadas reportagens sobre ele por todo o Brasil.
Na intimidade nós o chamamos de "livrão". São 72 autores, 60 capítulos, quatro editores (Alexandre Panosso Netto, Paulo Pires, Mariana Aldrigui e eu) e quase mil páginas.
O que é legal é o fato de o livro estar atual. Incompleto sim, por causa de tudo o que aconteceu nos últimos dois anos, mas as análises feitas pelos diversos autores e autoras mantém-se.
Esperamos fazer uma segunda edição em 2008. Até lá teremos ainda algumas novas sobre o turismo no país, com seus problemas, soluções e dilemas.
O livro foi publicado pela editora Roca, de São Paulo.
Parabéns à toda equipe pelo segundo aniversário de lançamento do texto.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Ginha Nader continua bombando

Lembram da Ginha Nader? Começou sua vida pública, no início da década de 1980, respondendo sobre Walt Disney num programa de TV (Show sem limite, de Jota Silvestre) e ganhou a parada. Depois escreveu seis livros e artigos sobre o mundo Disney. Ela acabou de lançar o livro A magia do império Disney, pela editora Senac-SP.

O texto possui 530 páginas e oferece um panorama bem articulado dos parques, da empresa e de sua história política e empresarial.

O ponto forte de Ginha Nader é que ela entendeu a lógica do entretenimento pós-industrial. Ela sabe fazer as ligações entre qualidade em serviços turísticos e a qualidade dos serviços, em geral. Em um país onde as pessoas ainda têm preconceitos ou ignoram a importância do entretenimento, da moda, do turismo ou da hospitalidade, ela faz uma ponte entre teoria e prática, entre capacidade de exercer uma atividade profissional no exterior e como adaptá-la aos países em desenvolvimento.

Um detalhe é a capa do livro, criação de Fabiana Fernandes. Ela aproveita uma foto clássica Disney (do castelo da Cinderela) e lhe dá um tratamento pós-moderno com cores suaves e efeitos sutis. Cool.

A homepage da autora é www.ginhanader.com.br .

Apenda com os erros do Zuanazzi

Milton Zuanazzi saiu ontem da ANAC. Saiu mal. Sangrou em público até morrer. Ou ele não tem assessores de imagem, ou se tem não os ouve, ou eles são seus piores inimigos. Analise os erros que ele fez ao longo de sua curta e inútil carreira:

1. "O poder destrói aqueles que não o possuem". Essa frase, de "The Godfather III", é preciosa. Ele foi inábil em tratar com forças poderosas como os militares, companhias aéreas, a turma da Infraero e o resto do governo;

2. Acertou no caso Varig (queria deixar a empresa falir e estava correto) mas errou nos encaminhamentos políticos e jurídicos. Começou a perder aí;

3. Com o início da crise aérea, em 2006, perdeu-se no cipoal de acusações entre controladores de vôo, Embraer, aeronáutica, empresas aéreas nacionais, mídia e o resto do país;

4. Falou bobagens. Várias disse que não havia "crise". Justificava com estatísticas e conceitos. Já ouviram falar em falácias, desvios estatísticos e posições dúbias? Ele exerceu todas;

5. Arrogância. Por ser nomeado e com mandato, pensou que era intocável. O Collor e o Nixon eram muito mais poderosos e se ferraram...;

6. Não soube tratar com a mídia. A Veja, por exemplo, muita a amiga dos governos, o tratava de "mala sem alça". Ele passava recibo;

7. Falta de desconfiômetro. Devia ter percebido que seu tempo se esgotara, que deveria deixar aquele abacaxi podre nas mas de outro. Mas apegou-se desesperadamente ao cargo. Chegou a mandar e-mails e fazer matérias chorosas em pequenos jornais para justificar... o quê mesmo?

8. Não ouviu assessores e outras autoridades do governo em várias ocasiões. Desde a ridícula medalha ganha da aeronáutica até o momento ideal de cair fora.

9. Mostrou-se ressentido e magoado na mídia. Isso é uma merda para um(a) executivo(a). Demonstra fraqueza. Tibieza. Falta de confiança.

10. Saiu mal dizendo que não queria trabalhar com o Ministro da Defesa. Errado. O ministro é que não o queria, assim como a mídia, a sociedade, as empresas e um monte de gente.

11. Demagogia. Falou que sem ele os pobres não vão mais voar! Grande verdade. As pessoas da favela, aqui ao lado da USP, estão inconsoláveis porque não passarão o reveillon em Paris e o carnaval da Bahia.

12. Foi o pato da história. Um personagem pequen oe sem importância cresceu no cenário caótico da aviação comercial brasileira graças à inabilidade. Pagou caro por um pato menor do brejo aeronáutico.

E agora?

Será que o governo lhe arrumará outra função? Alguma empresa aérea o convidará para ser diretor? Ele escreverá um livro contando tudo? Se candidatará a algum cargo público? Fundará uma empresa aérea super-popular? Passará ao lixo da história?

Menino(a)s, não façam essas asneiras na vida profissional. Sempre tem a hora e o jeito de entrar e a hora e o jeito de sair.