quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Dia de entender melhor o turismo

Eu comemoraria mais o dia internacional do turismo se fosse chinês, europeu ou turco. Afinal são países que possuem vontade política e força econômica para desenvolver projetos de lazer e turismo de forma competente. Para não falar dos norte-americanos, chilenos, australianos, neo-zeolandeses... Aqui, na terra tupiniquim, saiu o relatório da CPI do apagão aéreo e ninguém, NINGUÉM da ANAC foi responsabilizado. Se o Calheiros, os políticos corruptos, os sonegadores podem e ficam impunes, a ANAC também merece nossa condescendência patética.

Depois da saída dos quatro diretores da ANAC agora só falta o Zuanazzi. Dizem que ele está louco para pegar a presidência da Embratur. Maravilhoso para o turismo! O cara se acaba na ANAC, fala besteiras, se coloca como vítima, chora em público para manter o emprego e depois ganha a Embratur. O turismo fica com o mico.

O que atrapalha a área de turismo é a ignorância e o preconceito. A ignorância remete ao desconhecimento que as pessoas possuem da importância da sociedades pós-industriais, onde o prazer e o setor de serviços são fundamentais. Turismo está intimamente ligado ao lazer, entretenimento, recreação, cultura, esportes, varejo, saúde e outras áreas afins. O preconceito remete à burrice histórica de não entender as mudanças e as novas configurações sociais. "Turismo é coisa de riquinho..", "turismo é curso espera marido...", "turismo é perfumaria...". São as pérolas podres da estupidez local. Jecas que não perceberam que turismo, gastronomia, moda, perfumaria, saúde e beleza são novos campos de atuação que favorecem diretamente a economia, as liberdades civis e as sociedades complexas. Mas como mentes simplórias podem entender sociedades complexas?

Temos que explicar às pessoas. O Ivan Izquierdo a muito tempo já disse que nossa luta é contra a burrice.

Turismo, assim como outras atividades avançadas e descoladas, gostosas e pós-industriais, será cada vez mais algo intenso e reconhecido. Parabéns para aqueles(as) que entenderam isso. Para os que ainda não entenderam é aconselhável doses regulares de "mentacaptol", a vacina epistemológica contra a letargia mental.

Estarei em Campo Grande no dia 27/09 para uma palestra à turma do MS. O convite foi do presidente da ABBTUR-MS, o turismólogo Wantuyr. Degustarei cervejas geladas e peixes gralhados em homenagem à área.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Nossa II Jornada de Lazer e Turismo

Estar em uma universidade nova significa fazer as coisas do início, sempre. Mas tem seu lado positivo, a gente faz do nosso jeito. Cria-se um sentimento de pertencimento que vai crescendo. Este ano a Jornada 19 e 20/09) foi aberta ao público e teve boa recepção. Veio gente até de Diamantino (MT) e do interior de São Paulo, além do povo da USP-Leste.

Foi legal porque coincidiu com a semana de Moda do curso de Tecnologia Têxtil, então as exposições, reuniões e agitos ficaram mais intensos.

Parece que a área acadêmica de turismo volta a crescer novamente, com maior percepção de realidade. A revista Isto É de 12/09 publicou uma matéria sobre as novas profissões e o turismo foi enfocado direitinho: junto com lazer, hospitalidade, entretenimento. Eu ainda incluo cultura, esportes e varejo. Turismo é serviço. Demorou para as pessoas perceberem essa coisa óbvia neste país e ainda nem todos(as) sacaram as novas realidades (que têm 30 anos!).

De vez em quando volta a questão da regulamentação da profissão. É f...! Regulamentar o quê? Para quê? Como? Se todo mundo insere turismo no setor de serviços é para que a gente trabalhe, se desenvolva, invista em centenas de áreas possíveis e isso implica em mercado competitivo e aberto, sem essas frescuras arcaicas de regulamentar. Deve-se regulamentar a atividade profissional, isso sim. E exigir qualidade dos cursos e programas educacionais para a área. Mas, desde 1996, fala-se muito sobre isso e pouco se faz. O resultado é que os cursos ordinários estão fechando ou diminuindo o número de turmas. Apenas os mais descolados, sérios e inseridos na realidade da sociedade e do mercado estão se mantendo e crescendo.

Minha amiga, a profa. Regina Almeida, me passou os 10 mandamentos da UNESCO (e são de 1998) para o estudante universitário do século 21. Saca só:

1. seja flexível, isto é, não se especialize em demasia
2. invista na criatividade e não apenas no conhecimento
3. aprenda a lidar com a incerteza
4. prepare-se para estudar durante toda a vida
5. tenha habilidades sociais e capacidade de expressão
6. saiba trabalhar em grupo
7. assuma responsabilidades
8. seja empreendedor, crie o seu emprego
9. entenda as diferenças culturais na globalização
10. entenda as novas tecnologias com oa internet.

Sem isso, você está fora! Vai firme.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Inverno seco

Nunca me dei com ares do deserto e agora vivo em um deles, ou quase. Setembro seco. Péssimo para a goela e o sistema respiratório. Queimadas, poluição, falta de chuva e poeira deixam o ar áspero. De madrugada acordo e minha língua parece uma lixa enterrada na areia. Sahara, Atacama, Gobi e São Paulo. Enquanto espero as chuvas preparo o que vem por aí na vida profissional: Campo Grande, São Luís e a jornada de Lazer e Turismo na USP-Leste. No meio da secura da zona leste, onde o sol se põe entre as camadas de nuvens marrons da atmosfera poluída, tendo ao fundo os edifícios de Guarulhos e o verde do Parque Ecológico. É até bonito, aquela periferia consumada pelo sol vermelho que faria o Superman deitar na marginal e se deixar levar pela preguiça.

Ontem terminei o texto para o novo livro que a Manole lançará em 2008. O Alexanddre Panosso e a Marília Ansarah estão organizando. Vai ser sobre turismo segmentado, mas coisas novas, provocativas, instigantes. Um novo turismo para um novo tempo. Nada dessas babaquices pretensamente corretas para agradar a boiada sonsa. Vai ser o dia-a-dia do que rola e vira no turismo brutal do cotidiano global. S-e-g-m-e-n-t-a-ç-ã-0. Tudo contato direitinho, como é na vida real. Putaria global.

Hoje fico fazendo outras coisinhas, preparando meu mini-curso para a jornada da USP. Falarei sobre a crise aérea. Sobre a puta incompetência nacional para administrar seus aviões, da sempresas aéreas aos militares da aeronáutica que nos brindam com sua arrogância e incapacidade atávica. Santos Dumont deve estrebuchar no túmulo só de saber das asneiras. Nem falarei muito sobre a ANAC huahuahua. Não vou chutar cachorro morto. Espera vir a próxima diretoria, espero que dessa vez decente. Não acreditei ver o Zuanazzzi chorando, maior canastrão de novela de rádio da década de 1950, pedindo para ficar no emprego. Pagando pau prá imprensa nanica, se justificando todo e perguntando "Afinal, de que me acusam"? huahuahua. Devia ganhar outra merdalha da Aeronáutica pela cara-de-pau. O cara não vê que o ministro já deu o cartão vermelho prá ele. Alguém devia avisá-lo.